O CAMINHO SEM VOLTA

                                

JÁÁÁÁÁÁÁÁ!!! Foi o meu comando.
Sem vacilar um segundo si quer, o Aldenir lançou-se para fora do avião e  iniciou seu mergulho no vazio rarefeito. Na seqüência, Fuca, depois o Jet  e por último, eu. Conforme o combinado, saímos “um, na cola outro”, como se fala na linguagem do nosso esporte. 

                       

A QUEDA-LIVRE

       pqd-queda-livre-plena_389x351.jpg      

Durante os primeiros 20 segundos não consegui estabilizar minha posição em queda de forma que pudesse  ver meus companheiros. Somente depois de três mil pés de queda foi que isso veio acontecer e aí “achei” os três.
É nesse momento que se começa a voar. Quem está em cima tira toda a área possível de resistência para afundar para o nível dos companheiros que estão embaixo. E aí … olha-se para o objetivo e deixa-se a velocidade aumentar recolhendo os braços para as laterais do corpo na altura da pernas, com as mãos espalmadas para o solo, dando ao corpo o desenho de uma fecha. A cabeça afunda, a velocidade aumenta e  o seu companheiro vai ficando cada vês mais próximo. Essa posição chamamos de “Delta “. Quem está abaixo, abre os braços e as pernas para oferecer a maior área de resistência ao avanço. Durante o meu vôo eu via o Fuca chegando no Jet.  Sabia que iriam  se pegar. Próximo aos 12.000 pés cheguei nos dois que já haviam se agarrado. Foi só abrir a minha posição e me aproximar suave até tocar os braços dos dois e abrir a “ estrela”. Parecíamos três crianças eufóricas. Eram só sorrisos de vibração e alegria.
Muita coisa se passa na cabeça de cada um nesse momento, mas basicamente o que predomina é o prazer do vôo e da conquista.
Enquanto voávamos de mãos dadas, víamos o Aldenir mais de mil pés abaixo, mas fora do prumo da nossa queda.
Sem condições de alcançá-lo caímos até 5.000 pés, quando então dei o sinal de separação para os dois.  Cada um de nós fez o giro de 180º e nos afastamos na posição de “ Delta “, para abrirmos nosso pára-quedas  próximo dos 3.000 pés.
Até aí haviam se passado 120 segundos desde a saída do avião. Nossa área de pouso no Aeroclube estava lotada de gente,  pois o Jornal “O POVO”, desde o início da semana noticiava que “seria tentado o recorde de altura num salto de pára-quedas pela equipe do Ceará”.

O POUSO

Missão cumprida

Pousamos os três, dentro do círculo do alvo de competições do Aeroclube. O Aldenir pousou fora do alvo, mas dentro do Aeroclube em segurança.
Acho que não é preciso dizer o tamanho da nossa festa. Muita vibração, lágrimas e a sensação de “missão cumprida”.
Nesta história, dou início a uma série de outras tantas vividas por mim, um “ETERNO HEROÍ” (Título do hino do Pára-quedista), hino este, que aprendi na Brigada Pára-Quedista do Exército, de onde eu tenho o maior orgulho de ter recebido a minha formação básica, como pára-quedista militar da Aeronáutica (Sargento) e me tornar um componente precursor da equipe de Operações Especiais do PÁRA-SAR (Grupo de Salvamento, Busca e Resgate da Força Aérea Brasileira), com o “Doc”, “Sergio Macaco” e o “Guaranis”. E daí muitas outras histórias reais.
 
Volto breve, para deixar aqui registrado, muitos outros . . .
“ MOMENTOS DA VIDA,  QUE VALEM UMA HISTÓRIA “.
 
                                                 Alfredo Echebarra